O governo do Rio de Janeiro prepara uma medida de impacto para enfrentar a escalada da violência e do domínio territorial de facções criminosas: solicitar apoio formal do Exército para atuar na retomada de áreas controladas pelo tráfico de drogas em diversas comunidades fluminenses. A ação, que está sendo articulada pelo governador Cláudio Castro, será apresentada ao governo federal como parte de um plano estratégico para restaurar a presença do Estado em regiões onde a criminalidade impõe regras próprias e afasta o poder público.
A solicitação de apoio do Exército para expulsar o tráfico de territórios do Rio de Janeiro ocorre em meio a uma crescente crise de segurança que atinge comunidades dominadas por milícias e facções do tráfico, que disputam pontos estratégicos e rotas logísticas para o comércio ilegal de armas e drogas. O governador tem defendido que a presença das Forças Armadas será essencial para garantir a retomada do controle sobre áreas onde as forças policiais estaduais não conseguem operar sozinhas com segurança e eficácia.
Segundo fontes do Palácio Guanabara, o pedido de apoio do Exército para expulsar o tráfico de territórios será feito oficialmente ao presidente da República e ao Ministério da Defesa. A expectativa é de que a cooperação seja autorizada por meio de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), instrumento legal que permite a atuação das Forças Armadas em situações de grave comprometimento da ordem pública. A última operação nesse formato no Rio ocorreu em 2018, durante uma intervenção federal na segurança pública.
A decisão de solicitar apoio do Exército para expulsar o tráfico de territórios é motivada não apenas pela escalada da violência, mas também pela constatação de que o Estado perdeu o controle efetivo sobre diversas áreas metropolitanas. Em muitos desses locais, escolas, postos de saúde e outros serviços públicos operam de forma precária ou nem sequer funcionam, devido à presença ostensiva de criminosos armados. O plano do governo é reocupar esses espaços com ações coordenadas de segurança, assistência social e investimentos em infraestrutura.
O governador Cláudio Castro pretende ainda envolver o governo federal em um pacto mais amplo para reconstrução da ordem pública, com base em operações integradas entre Exército, Polícia Federal, Força Nacional e as polícias estaduais. A ideia central é que o apoio do Exército para expulsar o tráfico de territórios não se limite à repressão armada, mas esteja inserido em uma agenda de recuperação social e econômica das comunidades. A proposta inclui ainda a implementação de programas sociais permanentes para evitar o retorno das facções criminosas.
No entanto, a proposta de utilizar o apoio do Exército para expulsar o tráfico de territórios já desperta reações diversas entre especialistas em segurança e entidades de direitos humanos. Críticos alertam que o uso das Forças Armadas em áreas civis deve ser extremamente cauteloso para não agravar a violência ou gerar violações de direitos fundamentais. Em resposta, o governo afirma que qualquer operação contará com acompanhamento jurídico e protocolos rigorosos de atuação, visando garantir a legalidade e a proteção dos cidadãos.
A iniciativa de solicitar apoio do Exército para expulsar o tráfico de territórios reflete também a pressão crescente sobre o governo estadual, que vem sendo cobrado por respostas mais contundentes à criminalidade. Episódios recentes envolvendo ataques a ônibus, confrontos entre facções rivais e execuções a céu aberto intensificaram a sensação de insegurança entre os moradores e reacenderam o debate sobre a eficácia das políticas de segurança pública no Rio. O envolvimento do Exército é visto como uma tentativa de recuperar a autoridade do Estado em áreas conflagradas.
Caso o apoio do Exército para expulsar o tráfico de territórios seja autorizado, a operação deverá começar nos próximos meses, com definição das áreas prioritárias e articulação entre os diferentes níveis de governo. A expectativa do Palácio Guanabara é que essa mobilização seja o início de um novo ciclo de enfrentamento à violência urbana, com foco na retomada territorial e na reconstrução de vínculos entre Estado e sociedade. O sucesso da iniciativa dependerá, no entanto, da capacidade de coordenar forças e implementar políticas públicas duradouras.
Autor: Melana Yre