Segundo Leonardo Manzan, conhecedor do direito da energia, a estruturação jurídica de projetos de geração distribuída e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) é essencial para garantir segurança jurídica, viabilidade técnica e retorno financeiro. O sucesso desses empreendimentos depende da análise integrada de aspectos regulatórios, contratuais e societários. Compreender o arcabouço legal vigente e implementar boas práticas jurídicas são passos indispensáveis para investidores e empreendedores do setor energético.
Confira mais informações sobre o assunto, a seguir!
Como escolher o modelo societário mais adequado para projetos de geração distribuída e PCHs?
A definição da estrutura societária é um dos primeiros passos na constituição de um projeto de geração distribuída ou de uma PCH. As opções mais comuns incluem sociedades por cotas (LTDA) e sociedades anônimas (S.A.), sendo a escolha influenciada pelo porte do projeto, número de investidores e objetivos de governança. De acordo com Leonardo Manzan, para projetos com múltiplos sócios e previsão de captação de recursos, o modelo de S.A. tende a ser mais atrativo por facilitar a entrada e saída de investidores.
Além do tipo societário, é fundamental elaborar um acordo de sócios robusto, que delimite responsabilidades, critérios de distribuição de lucros e mecanismos de resolução de conflitos. Esse documento previne litígios futuros e fortalece a governança do projeto. A participação em consórcios ou sociedades de propósito específico (SPEs) também é uma estratégia utilizada para viabilizar grandes empreendimentos, principalmente no caso de PCHs com maiores exigências de capital.
Quais aspectos regulatórios devem ser observados na estruturação de projetos?
A conformidade regulatória é central para a viabilidade dos projetos de geração distribuída e PCHs. No caso da geração distribuída, os empreendedores devem observar as regras da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), especialmente a Resolução Normativa nº 1.059/2023, que define os critérios para conexão, compensação de energia e prazos. Conforme Leonardo Manzan, o não atendimento a esses requisitos pode resultar na rejeição da conexão ou penalidades legais.

Para PCHs, a regulamentação é ainda mais ampla, exigindo licenciamento ambiental, outorga de uso de recursos hídricos e registro no MME (Ministério de Minas e Energia). O acompanhamento técnico-jurídico durante esse processo é essencial, pois envolve interlocução com diferentes órgãos e análise de impactos sociais e ambientais. Também é necessário obter a autorização para geração de energia junto à ANEEL, com a apresentação de estudos técnicos detalhados.
Como elaborar contratos estratégicos para viabilizar os projetos?
A elaboração de contratos estratégicos é outro ponto crítico para o êxito dos projetos. Os principais instrumentos incluem contratos de engenharia (EPC), contratos de operação e manutenção (O&M), acordos de conexão à rede elétrica e, principalmente, os contratos de compra e venda de energia (PPAs). Leonardo Manzan alude que os PPAs são o coração da estrutura financeira do projeto, pois garantem previsibilidade de receita e segurança para os investidores.
É importante que esses contratos sejam elaborados com cláusulas claras, prevendo obrigações das partes, penalidades em caso de descumprimento e mecanismos de resolução de disputas. A análise minuciosa das garantias contratuais e dos prazos de vigência contribui para a sustentabilidade jurídica do negócio. Em projetos de geração distribuída, também é essencial prever as responsabilidades de cada consumidor participante do sistema de compensação de créditos.
Em suma, considerando o crescimento da matriz energética limpa e descentralizada no Brasil, empreendedores que desejam investir em geração distribuída ou PCHs devem priorizar o suporte jurídico especializado. Com base em uma estrutura sólida e contratos bem formulados, é possível transformar projetos energéticos em ativos lucrativos, sustentáveis e em conformidade com a legislação. Leonardo Manzan destaca ainda que o cenário regulatório brasileiro tende a evoluir, exigindo atualização contínua das práticas jurídicas e de gestão.
Autor: Melana Yre