A cidade de São Gonçalo está se tornando um ponto estratégico decisivo na disputa pelo governo do Rio de Janeiro em 2026. Sendo a segunda maior cidade do estado e com o terceiro maior colégio eleitoral, São Gonçalo tem atraído a atenção dos principais candidatos e seus grupos políticos, que buscam fortalecer sua base eleitoral para a próxima eleição estadual. A movimentação de recursos públicos e alianças políticas na cidade indicam que o controle do município poderá influenciar significativamente o resultado da corrida pelo Palácio Guanabara.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar, lideram as principais frentes nessa disputa. Rodrigo Bacellar já conta com o apoio do prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson, e do secretário de Cidades, Douglas Ruas, filho de Bacellar, que direcionam grande parte dos investimentos para a cidade. Em contrapartida, Eduardo Paes articula um acordo para abrir mão de parte dos royalties do petróleo para turbinar os cofres gonçalenses, estratégia que busca ampliar sua influência no território.
O orçamento da Secretaria de Cidades, comandada por Douglas Ruas, tem direcionado mais da metade dos recursos para obras em São Gonçalo, totalizando cerca de 773 milhões de reais. Esse montante significativo é fundamental para consolidar a base política de Bacellar no município, reforçando a presença do grupo do presidente da Alerj. A secretaria foi criada para acomodar lideranças políticas, e sua atuação estratégica tem ampliado a importância de São Gonçalo no cenário eleitoral estadual.
Além de São Gonçalo, a cidade vizinha Itaboraí também recebe investimentos consideráveis da Secretaria de Cidades, que destina cerca de 429 milhões de reais para obras locais. Essas intervenções ajudam a fortalecer a base política do PL na região, contribuindo para a consolidação do grupo de Bacellar. No entanto, a movimentação de recursos públicos também gera críticas e questionamentos sobre os critérios adotados para a distribuição dos investimentos.
A proposta de Eduardo Paes para abrir mão de parte dos royalties do petróleo em favor de São Gonçalo representa um movimento ousado que visa reequilibrar a divisão dos recursos na Região Metropolitana do Rio. A decisão, no entanto, enfrenta resistência de aliados e está sujeita a negociações no Supremo Tribunal Federal, que julga recursos sobre a mudança dos critérios de distribuição dos royalties. Essa disputa envolve outras cidades como Guapimirim, Magé, Maricá e Niterói, todas interessadas em ampliar suas receitas.
O prefeito do Rio tem buscado posicionar-se como um político metropolitano, defendendo a ideia de que o desenvolvimento de São Gonçalo é essencial para a saúde financeira de toda a região. Paes já se manifestou publicamente em apoio a um acordo justo para a distribuição dos royalties, mesmo que isso implique abrir mão de parte da receita do Rio de Janeiro. No entanto, a proposta pode provocar descontentamento em outras cidades e na própria Câmara Municipal do Rio.
No legislativo da capital, a questão da possível abdicação de receitas dos royalties tem gerado debates e cobranças. Parlamentares defendem que os critérios para a redistribuição dos recursos sejam transparentes e baseados em aspectos técnicos, e que a Câmara do Rio tenha voz ativa na decisão. A discussão reforça a complexidade política e financeira que envolve a disputa pelo controle dos royalties do petróleo na Região Metropolitana.
Em resumo, São Gonçalo é o epicentro da movimentação política para a eleição estadual de 2026 no Rio de Janeiro. O controle do município e a distribuição dos recursos dos royalties do petróleo serão fundamentais para definir os rumos da disputa. Enquanto os grupos políticos articulam alianças e estratégias, a população da cidade acompanha atentamente os desdobramentos que podem impactar o futuro da região. São Gonçalo, portanto, confirma seu papel de peça-chave no tabuleiro político do estado.
Autor: Melana Yre